19.10.08

ESTRELAS NÃO SÃO COMETAS por Paulo de Tarso Jr.

Baseado em um poema chamado Cometas e Estrelas de autor desconhecido.

Segundo o Aurélio, um dos mais importantes dicionários de língua portuguesa, as estrelas são astros luminosos e os cometas também, mas com uma luminosidade mais fraca. Isso implica dizer que um cometa é um tipo de estrela, pelo menos para a Astronomia, não é mesmo? Tudo bem. Mas essa concepção vale apenas para a ciência, pois existem diferenças gigantescas entre estes astros, dentro de uma visão humanística. Quer dizer, existem dois tipos de pessoa no mundo: as cometas e as estrelas. Parece loucura acreditar nesta tese, mas na verdade, não é.


Se você parar para pensar, um cometa é passageiro, não é visto freqüentemente, já a estrela, é vista e admirada quase todos os dias por milhares de seres humanos. Mas a função deste texto, não é diferenciar estes astros, e sim, distinguir os tipos de pessoas que os adotam como direção no decorrer da sua existência.


As pessoas cometas, passam pela sua vida e você nem percebe que elas existiram, pois não acrescentaram nada para você. Este tipo de ser, não se prende a ninguém e muito menos se deixa prender. Não cria raízes, nem vínculos. Não passa de um nada. Aparecem da noite para o dia e desaparecem num piscar de olhos. É verdade que alguns cometas são bonitos, causam sensações interessantes, mas no fundo de sua essência, só conseguem proporcionar momentos açucarados, não por serem doces, mas por se dissolverem facilmente com uma simples gota d’água.


Por outro lado, as pessoas estrelas são aquelas que deixam marcas profundas, proporcionam sentimentos verdadeiros. Nunca o abandona. São amigas de verdade. Estão ao seu lado para te proporcionar alegria e êxtase. Não importa as dificuldades. Trazem luz nos momentos escuros. Calor, nas estações frias, congeladas. São vida. Não são passageiras. São como as estrelas postadas no céu, brilham e iluminam cada ser, não se preocupando com a distância. Isso é o de menos.


A amizade verdadeira é algo difícil de encontrar no mundo atual. Ninguém quer pensar no outro. Ninguém quer se responsabilizar pelo outro. As relações sociais não existem. O que existe, é o falso companheirismo, quer dizer, você só encontra “amigos” se estiver no ápice. É neste momento, de mar de rosas, que você encontra sempre alguém para bater em suas costas. Mas amigo não é isso. Não é cometa. É estrela. Você só encontra amigos leais, verdadeiros nos momentos difíceis que a vida lhe proporciona. Aqueles que riam com você na mesa de um bar, na parada de ônibus, na sua própria casa, nem sempre te dão apoio nos momentos necessários. Então, para que servem? Na verdade, não servem para nada. São apenas cometas.


O importante é ser estrela. Não querer ser mais que o outro, mas querer ser reconhecido e lembrado por suas qualidades, por menor que sejam. Ser estrela, atualmente, é uma tarefa árdua, cansativa, mas de vital importância. É um desafio. É uma conquista. Além do mais, é nascer e ter vivido, e não apenas existido. Pense nisso.

Publicado no Suplemento Galera do Jornal O Estado do Maranhão de 21 de outubro de 2006.

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